quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Uma folha caída (by Rui Miguel)

Então dizia:
"Uma hora da manhã, e já sinto de novo aquele calor que já se tornou uma constante nas minhas últimas noites. 
Sim... Aquele calor difícil de entender e de explicar. Aquele calor que se alastra por todo o meu corpo e que não me deixa somente quente, mas que por momentos me parece querer queimar. Abro a janela, sinto correr uma brisa fresca mas simples e 
inexplicavelmente ela não me consola nem me ajuda... a arrefecer.
Uma e um quarto e todas as tentativas de receber algum conforto, até mesmo as mais absurdas, não passam disso mesmo,
de meras tentativas. Confesso. Neste momento, acho que nem uma arca frigorifica me podia ajudar.
De repente, já lançado na profundeza dos meus pensamentos à procura de respostas, sinto, mesmo que não entendendo,que deixei alguma coisa de importante para fazer, ou ainda mais grave, sinto que fiz algo de errado a alguém importante.
As expectativas de encontrar a resposta estão agora mais elevados do que nunca. Mas não... Mais uma desilusão. Não é isto. Mais uma vez fracassei!
Tendo isto tudo em conta, resta-me a derradeira opção. Aquela de que eu, talvez cobardemente já fiz um hábito, que é o momento em que corro para a minha cama, afim de aliviar o que inicialmente era calor e que já se multiplicou em muitos
outros estados. Diz-se que a dormir o tempo passa mais rápido, é sem dúvida o melhor que eu tenho a fazer. Pelo menos por hoje.
Chegava então o momento, uma e meia, em que eu me despediria de vocês e punha o meu plano em prática. Mas, de facto hoje deve ser o dia em que tudo, ou apenas nada acontece, porque ao contrário das outras noites eu não consigo adormecer. Nem o meu único refúgio, que nunca antes me falhara, hoje falhou.
Depois de algum suor e muitas voltas na cama, eu entendi a origem do meu 'problema'.
É tudo agora tão óbvio que até parece mentira. É simplesmente a nossa 'amiga' saudade, que tem tentado incessantemente dar ares da sua vida. Tem tentado desde então dizer-me 'olá'.
Agora percebo também, o porquê das várias tentativas de me livrar do calor e do mau-estar terem falhado. Sem dúvida  que eles se fazem sentir... e bastante. Só que apesar de estes se revelarem exteriormente, o seu ponto de origem é bem no interior. <3
Digo eu (talvez para me tentar desculpar da minha falta de atenção e perspicácia) que pode ser compreensível o facto de eu não me ter apercebido mais cedo quem é que tem tentado 'bater à minha porta'. 
A 'saudade', é um sentimento formado por um conjunto de outros sentimentos, e que para mim é um dos mais complexos e difíceis de descrever. O que me ajuda a provar isso, é o facto de não haver tradução directa para outras línguas. "Ela" é tão chata e esquisitinha que só fala em Portugues!De qualquer jeito, a melhor forma de a perceber, é sentindo-a. E acreditem que ela queima... Muito! 
São agora quase 2 horas e encontro-me dividido entre a felicidade e a tristeza. Por um lado sinto que
diagnostiquei o meu estado e confesso que estou mais leve por ter conseguido transmiti-lo ao mundo, ao meu mundo.
Por outro lado, sinto-me a desmoronar porque sei que não há cura para o meu problema. Têm razão, ela existe... Mas há quem já esteja a fazer uso dela. Sinto-me de mão e pés atados e vou permanecer assim. Agora é tarde."


Esta foi uma página solta de um diário, escrita por alguém que até hoje eu não sei o nome. Apenas mais uma. Tudo o que pareça ser igual ou parecido à realidade é simplesmente uma coincidência.
Muito obrigado.
[Não Rui! Nós é que agradecemos =DD]

Rumos

Há tanta coisa que desconhecemos, tanto coisa por aprender, tanta coisa perdida.. Perdida, palavra engraçada não? A ultima vez que confirmei, significava, desaparecido, que se extraviou, que foi esquecido.. mas não mencionam tudo.. e que tal sem rumo? Sem saber o que fazer? Angustiada? Desolada? Indefesa? Sem saber de si? Sozinha? E isto? Como é suposto sabermos tudo isto? Quem nos explica, quem nos diz, quem nos avisa? QUEM??? Pois é nem, tudo se sabe através de livros, nem tudo se aprende apenas por ditados e historias que se ouvem.. ensinam-nos a crescer, a ler, andar, falar, mas não esperem que vos ensinem a amar, a chorar. a sofrer, ou a fazer com que aquela dor que tanto magoa, pare.
Viajei tanta vez  por breves momentos até ao infinito, pensei que me reconfortaria, aquela sensação de nada mais querer saber, nada mais ter que saber.. 

Mas quem é que eu queria enganar.. 
Por muito longe que fosse, seja o que fosse que me atormentara até ali, viria comigo.. Atormenta-me porque eu deixei que o fizesse, fui eu quem me deixei consumir por aquela desconfortável sensação, tinha sede de sentir algo, e aí o tenho.. algo! Apenas não algo que estava à espera.Crescemos a ouvir que não podemos desiludir ninguém, pois há pessoas que esperam tanto de nós, porque fizeram tudo o que podiam por nós e agora é justo retribuirmos, mas esqueceram-se de nos lembrar, que também nos desiludimos a nós próprios, nós próprios que na verdade, somos quem mais espera de nós. Um pouco de lealdade a quem somos, um pouco de consciência, um pouco de amor próprio, mas temo que não haja tempo para isso. Digo-o muitas vezes que sou diferente, e sou, não melhor, não pior, simplesmente diferente.. a vida em mim, deixou marca de outra forma.. vi o mundo de um prisma meio turvo, não por ilusões, apenas demasiado cru e frio.. não me arrependo de certa forma fez-me aprender e ver no que mais cedo ou mais tarde, me vou meter, Se me tornou mais fria? Mais dura? Não, mais refugiada sim.. talvez um pouco.. 
Mais desconfiada? Provavelmente... 
Fez-me ter vontade de fechar os olhos e morrer por instantes.. dramático não é? Talvez até seja, mas são vontades do momento. O poder de ter-mos tudo hoje em dia, faz-nos esquecer de certos aspecto que apesar de nos passarem ao lado, não deixem de lá estar.. por isso para um bom aglomerado de gente todo este desabafo passa ao lado. A experiência faz o homem, dizem os velhos ditados, talvez no futuro eu consiga ver o que a minha experiência fez de mim, somente espero alguém melhor, alguém com valores, alguém sóbrio e quem sabe, feliz, realizado.Alguém sem rodeies que consiga de uma vez por todas dizer o que sente, sem ser somente no papel ou num simples blog. Alguém em quem eu acredite que tudo pode conseguir !
Alguém como tu que me lês.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Coisas da vida

Sabes aquele aperto no coração, aquela dor aguda no estômago, aquele nó na garganta, aquela lágrima presa no canto do olho?
Eu sei tão bem tudo isso.
Aquelas palavras contidas, aquele desapontamento, aquela esperança perdida numa fracção de segundos, aquele sentimento desconfortável e incrivelmente devastador, que nos inunda por dentro?
Ai se vocês soubessem o quão eu estou habituada a isso. Ouvir e calar, que rico lema de vida, mas de momento é o único que tenho comigo, e só vos tenho a dizer, que talvez seja o melhor, não o mais certo ou o mais corajoso, mas de momento o melhor. Por norma, tenho a irritante mania de dizer o que penso, basicamente tudo o que penso, não é que me interesse o facto de alguém querer ouvir ou não, tenho um ponto de vista, e pretendo manter-me fiel a esse mesmo, talvez por isso, por vezes o leve demasiado a sério. Talvez seja daí que venha o problema, eu acreditar em tudo ao extremo e levar tudo ao exagero. Todos sabemos que nada é eterno, mas mesmo assim, gosto de me ir enganando em poucas doses de sonhos que jamais passaram de mitos da minha mente. 

Terei eu ,o terrível hábito de exigir de algo, mais do que aquilo que posso receber?
Gostarei eu de sofrer, e apanhar os cacos no fim?.. Eu sei lá
Será errado, querer o mundo, em vez de apenas me contentar com uma insignificante parte?

Será egoísta, ver a vida num todo, querer fazer parte de um todo?
Será justo ter que ouvir "eu bem te avisei" só porque quis sonhar um pouco mais alto, e chegar a acreditar que tal coisa poderia mesmo acontecer?
Lá porque a vida me virou as costas uma vez, será que tenho de viver sem expectativas? Afinal, a minha história vive de mim, das minhas aventuras e desventuras, serei castigada por procurar algo melhor, algo maior, talvez algo impossível?
Sou uma mistura confusa de sentimentos e pensamentos, andante, e sinceramente já nem sei mais para onde me dirijo, se me devo dirigir ou não.

Anseio por me sentir viva de novo, por sonhar de novo, por ACREDITAR de novo.. por SER de novo, algo que em tempos fui, e que agora se desvaneceu num misto de sombras perdidas no chão...
Gostava de por vezes conseguir dizer, o que realmente no momento eu sinto, mas sei que tornaria tudo muito mais difícil, tudo mais complicado, tudo mais doloroso, e não sei se estou disposta a vir poder perder algo, apenas pelas frustrações de momento. 
Talvez tudo valha mais a pena que eu, talvez eu não me respeite, ou não acredito em mim, ou até mesmo, não tenha fé suficiente em mim. 
Apenas sei que até agora eu me aguentei, e tudo à minha volta parece ter aguentado, todos nós temos de a um certo ponto fazer sacrificios e este é o meu, gostaria que tudo fosse diferente, mas isso, não gostaríamos todos?
Como nem todos podemos ter tudo como queremos, eu aceito o meu fardo, de certo modo já faz parte de mim, porque não deixa-lo comigo?